Valorização do mínimo empurrou pisos salariais para cima, aponta Dieese 26/05/2009
A política de valorização do salário mínimo - considerando os reajustes desde 2003, houve aumento real de 45% no período - empurrou para cima os valores dos pisos salariais no Brasil, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no estudo "Balanço dos pisos salariais negociados em 2008", divulgado na última sexta-feira, dia 22.
Segundo o Dieese, os pisos mais baixos e, portanto, mais próximos ao valor do salário mínimo - atualmente de R$ 465 - sobem uma vez que as empresas não podem pagar salários inferiores ao salário mínimo. Para o levantamento foram utilizados 628 pisos salariais que abrangem os setores da indústria, comércio, serviços e rural. O estudo indica que os pisos estão ganhando valor e sendo reajustados em valores superiores aos aumentos de modo geral, embora em menor escala que os mínimos.
O Dieese mostra que o setor com maior piso salarial é o de serviços porque agrega profissionais liberais com maior remuneração, como médicos, por exemplo. O setor ganha, em média, 42% mais do que o salário mínimo.
O setor de comércios tem piso 29% acima do mínimo e a indústria, 32%. O setor com menor piso é o rural. Os trabalhadores rurais que ganham piso tem remuneração, em média, 11% maior do que o salário mínimo. Considerando todos os setores, os pisos são 34% mais altos do que o salário mínimo.
95% de quem ganha piso salarial recebe até dois mínimos
Segundo ainda o estudo, em 2008 quase 95% dos trabalhadores brasileiros que ganhavam piso salarial recebiam até dois salários mínimos. O levantamento mostra que 5,7% ganhavam exatamente um salário; 50,5% recebiam até 25% mais e 21% ganham até 50% mais do que o mínimo, 13,1% recebiam até 75% mais do que o salário e 4,6% ganhavam até dois.
Os dados mostram ainda que, nos últimos anos, os pisos salariais têm cada vez mais se aproximado do salário mínimo. Em 2005, 80,6% dos trabalhadores que ganhavam piso recebiam até dois salários. Em 2006, o percentual passou para 88,5% e em 2007, para 91,8% - pouco menos do que os 94,9% registrados em 2008.