Jornada dupla faz mulher trabalhar de forma precária 08/03/2010
No setor agrícola, 28,5% do total de ocupadas não recebem nenhum rendimento
A dupla jornada de trabalho das mulheres faz com quem elas ocupem cargos cada vez mais precários, com baixos salários e que não exigem qualificação profissional. Em 2008, 42,1% das mulheres ocupadas com 15 anos ou mais estavam em ocupações consideradas precárias, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (8) pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada)
Apesar do número ainda ser alto, o dado é inferior ao registrado em 2008 - quando a porcentagem de mulheres em ocupações precárias era de 48,3%. Os homens, no entanto, tiveram uma redução muito maior: de 31,2% em 1998 para 26,2% em 2008.
No setor agrícola, o trabalho sem remuneração chega a 28,5% do total de ocupadas. Este número só não é maior porque o IBGE não considera o trabalho doméstico como atividade econômica e, por isso, as mulheres que se dedicam somente ao lar são consideradas inativas e não ocupadas sem remuneração.
Essa cifra caiu nos últimos anos - era de 36,7% em 1998 - mas ainda é elevada em grande medida devido à invisibilidade do trabalho produtivo feminino nas áreas rurais.
No caso do mercado de trabalho das grandes cidades, os analistas do Ipea apontam para uma polarização, entre um crescente grupo de profissionais mais escolarizadas e bem remuneradas e aquelas de baixa renda que ainda se dividem entre a casa e o trabalho.