Metalúrgicos de Canoas realizam assembléia histórica para rejeitar proposta patronal, aprovar Estado de Greve, boicotar horas-extras e realizar paralisações e atrasos na pegada 21/06/2007
Cerca de três mil metalúrgicos de Canoas paralisaram suas atividades na manhã de hoje em busca de melhores salários. A mobilização iniciou no final da madrugada e envolveu as 10 principais fábricas da categoria.
PASSEATA
Por volta das 9h, os trabalhadores iniciaram uma passeata que trancou parcialmente o trânsito da cidade. A mobilização iniciou na Areva e seguiu via Av. Guilherme Schell agrupando os trabalhadores e trabalhadoras de outras fábricas, como a Micheletto, Agco, International, Springer, Edlo e Siverst. Mais adiante, na BR 116, a passeata teve a adesão de metalúrgicos da Madef e da Ziemann Liess, que aguardavam em frente à Metalúrgica AEB. Trabalhadores de outras fábricas - como a Maxiforja - deslocaram-se de ônibus até o sindicato, esperando a chegada dos demais companheiros.
ASSEMBLÉIA HISTÓRICA
A caminhada foi encerrada na sede do sindicato, onde os manifestantes realizaram assembléia geral. Nela, os trabalhadores decidiram rejeitar a proposta de 5,5% apresentada pelo sindicato patronal - índice considerado insuficiente para recuperar o poder aquisitivo dos salários da categoria - e permanecer em "Estado de Greve". Também decidiram fazer boicote às horas-extras e paralisar ou atrasar a pegada de pelo menos duas fábricas por dia a partir de hoje.
CARTA AOS PATRÕES
Por fim, os metalúrgicos e metalúrgicas presentes na assembléia histórica decidiram fazer nova passeata até o centro da cidade e encerrar a assembléia em frente ao prédio do Simecan (sindicato patronal), local onde os dirigentes sindicais Paulo Chitolina e Flávio de Souza entregaram uma carta aos empresários metalúrgicos comunicando as decisões da assembléia e avisando da possibilidade de greve, caso não melhorem sua proposta.
A LUTA CONTINUA
À tarde e à noite, o sindicato manteve a mobilização nas empresas com turnos diferenciados (Maxiforja, Areva, Agco e International), paralisando centenas de outros trabalhadores e trabalhadoras da base. A partir de amanhã, os metalúrgicos devem realizar paralisações e atrasos na pegada em várias empresas da categoria, inclusive as de pequeno e médio porte.
Por que os metalúrgicos de Canoas querem mais?
A data-base dos metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita é 1° de maio, porém, desde abril, o sindicato vem lutando nas mesas de negociação para que a categoria metalúrgica conquiste um reajuste que, pelo menos em parte, recomponha o poder aquisitivo perdido nos últimos anos. Segundo estudo feito pelo Dieese, os rendimentos atuais dos trabalhadores correspondem a 76,5% do que valiam em 1995. Outro estudo feito pelo sindicato prova que seria necessário - incluindo aí as perdas do último período - um reajuste de 16,85% para os trabalhadores equipararem seus salários com os ganhos da indústria nos últimos cinco anos. “Como se não bastasse a conjuntura econômica favorável, as empresas adotam a rotatividade, a terceirização e outros mecanismos que sucateiam salários e empregos para enriquecer cada vez mais. Enquanto isso, na proporção inversa, os metalúrgicos empobrecem cada vez mais, vítimas do lento e gradual arrocho imposto pelos patrões nos últimos anos”, resume Paulo Chitolina, membro da direção executiva do sindicato. Neste caso, só a reposição da inflação e um pequeno aumento real não seriam suficientes para recompor o poder aquisitivo dos salários dos metalúrgicos da região.